Uma perfeita analogia para descrever a Condição do Espectro Autista.
Aqui temos uma concha aberta e uma pérola acomodada em seu interior. As conchas representam a ideia de renovação e transformação. São abrigos naturais para os frágeis seres do oceano, simbolizando proteção e o refúgio em encontrar um lugar seguro que todos precisamos em algum momento em nossas vidas.
É tudo o que o autista procura por toda a vida: um lugar calmo e acolhedor.
Geralmente a nossa casa ou o nosso cantinho faz esse papel. A imagem mais associável do autista é ele encolhido no chão, em posição fetal. Por toda a minha vida, em momentos de dor, fiquei horas assim. Porque fazemos isso? Penso no mesmo esquema da concha. Nos fechamos e nos blindamos do mundo, que é tão áspero e hostil para nós.
Muitas vezes, a beleza da concha está escondida sob camadas exteriores ásperas. Isso reflete a ideia de que nossa verdadeira beleza interior pode estar escondida, esperando ser revelada. O psicólogo britânico, Dr Tony Attwood, pioneiro na publicação do autismo, disse uma vez: "o autista é como um cacto com um exterior espinhoso, mas com uma superfície macia e interior vulnerável que mantém as pessoas afastadas porque doem emocionalmente".
E é isso. A sociedade neuronormativa só vê a aspereza exterior do autista, ou seja, o que absorvemos do mundo. Poucos percebem, quem realmente somos e que nos fechamos por conta do mundo agressivo. Só os verdadeiramente empáticos, poderão descobrir e valorizar a beleza interior desta "concha" fechada.
Por dentro é que acontece sua formação, seguindo o mesmo princípio da flor de lótus que nasce da água lamacenta para chegar na superfície passando por um processo de transformação. Na concha, a preciosidade está dentro. Como no autismo. Tudo por fora é transformação, muita resiliência, para sobreviver às adversidades de uma sociedade que só exclui.
As pérolas são absorventes de natureza. Absorve a negatividade e mantém dentro dela, não limpa, como uma esponja que só absorve e não drena. Assim é o autista, que precisa da sua ajuda para abrir a concha e admirar a beleza interior, que está lá, aguardando para ser colhida e apreciada. É possível.
Passamos a vida na busca constante das inúmeras conchas lançadas ao longo da nossa caminhada .Belíssimo
texto amiga